Fevereiro é o mês de volta às aulas. Para quem já possui uma rotina, hora de rever os amigos e retomar o aprendizado. Para aqueles que se iniciam agora neste novo universo, o momento é de descobertas, dúvidas e desafios. O que vem pela frente? O fato é que, muitas vezes, as crianças ? e até mesmo os seus pais -  não estão preparados para este importante passo. Há dificuldades que persistem, inclusive, para aqueles que já estão inseridos no ambiente escolar. Conforme explica Regiane Gonçalves, pedagoga em atendimento no Hospital FOB, o professor/terapeuta desempenha um papel muito importante, que vai além de ensinar os conteúdos. "É nele que o aluno investe a maior parte da sua confiança", pontua a pedagoga.

Regiane Gonçalves revela que cabe ao professor/terapeuta acolher o aluno nos seus primeiros desafios na escola ou em sessões terapêuticas. "Esse profissional lida com o medo e a insegurança no período de adaptação. É ele quem faz a gestão do grupo para que, a partir da construção de um vínculo saudável entre professor-aluno, terapeuta-paciente, a aprendizagem se desenvolva de forma segura e com mais confiança, motivando sempre a criança a demonstrar o que sabe sem medo ou vergonha de errar", assegura a pedagoga.

Aprender precisa ser divertido, mas esse processo exige tranquilidade e organização, conforme frisa Regiane Gonçalves: "Quando me refiro a organização, não falo, apenas, do ambiente de aprendizagem, mas também de uma organização interna; do próprio aluno. Há crianças que são agitadas por terem, de fato, um quadro de TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade]; mas há crianças que são agitadas por viverem em ambientes desorganizados, imprevisíveis e sem rotina.  Há, também, crianças que se atrasam para chegar a aula e não conseguiram tomar café da manhã", conta. O fato é que, por mais diferentes que sejam os motivos e independente de suas causas, a agitação interna não permite que a criança se acalme para prestar atenção no professor e nas atividades que deverá executar. "Assim, o professor tem mais um desafio em sala de aula: tentar acalmar seus alunos, para que assim possam entrar em contato com as propostas de aprendizagem de forma mais tranquila e divertida", completa a pedagoga.

Disciplina e concentração

Mas como controlar esse turbilhão de energia que a criançada traz para as salas de aula, mantendo a disciplina e a concentração para um resultado eficiente? A resposta está dentro da pedagogia. Incentivar a criatividade das crianças é uma tarefa constante dos educadores. O que muita gente não sabe é que as atividades de relaxamento são ótimos recursos para isso. E por que não usar a música nesse processo? "Antes de iniciar suas atividades, escolha um tema que combine com a sua turma e defina uma música (músicas com sons da natureza, músicas instrumentais clássicas ou até de melodias conhecidas pelas crianças, mas que sejam apenas tocadas e não cantadas, para não interferir na atenção). Explique para os alunos que farão uma viagem, e para isso devem ficar com os olhos fechados. Se possível, diminua a luminosidade da sala, e se tiver lenços ou vendas, utilize nas crianças já que elas comumente possuem dificuldades para fechar os olhos por conta própria", orienta Regiane Gonçalves.

Quando tudo estiver preparado, chega a hora de soltar a música de fundo e iniciar, bem calmamente, uma história. 10 ou 15 minutos, se conseguir, são suficientes para acalmar a turma, explica a pedagoga. "Antes de iniciar a sua história, faça um aquecimento. Peça para que eles pensem nas partes de seu corpo:  onde está a sua cabeça, olhos, orelhas, boca até chegar aos dedinhos dos pés. Sem se mexer ou se tocar, eles apenas devem mentalizar o que o professor disser. Inicie a história e sempre use falas para que eles consigam se transportar para o mundo da imaginação. Exemplo: [?] agora começou a chover e vocês entraram num castelo [?] pensem no que tinha dentro deste castelo? Lá estava bem quente e aconchegante?Outra dica, que, é claro, vai depender da sua disponibilidade de tempo e de materiais, é combinar elementos sensoriais ao longo da história. Use texturas, aromas e a sua criatividade", finaliza.

Leia mais sobre o assunto na próxima edição.

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