Os exemplares com ilustrações ajudam e muito na opinião do educador José Antônio. Isso porque, segundo ele, as imagens ajudam o leitor a elaborar o próprio mundo e o externo a ela. Em primeiro momento isso ocorre por imitação. As crianças imitam os gestos, as expressões faciais e, largamente, tudo o que as imagens lhes sugerem, principalmente as situações que as ajudam a dominar o mundo externo a elas, que, por si mesmo, é ameaçador e misterioso. As imagens são altamente persuasivas, principalmente às crianças.

José Antônio orienta, que na fase de aprendizagem, o olhar das crianças sobre as ilustrações dos livros infantis precisa ser acompanhado e orientado pelos adultos, pois o efeito delas pode ser desastroso sobre a formação da cosmovisão das crianças. "O impacto negativo das ilustrações sobre as crianças se torna irreversível quando os adultos impõem uma interpretação doutrinária sobre elas. Daí, o que poderia abrir o olhar dos pequenos acaba tendo um papel reducionista e perigoso na formação do sujeito. Evidentemente, que estamos falando de situações extremas. Porém, elas não podem ser ignoradas, pois existem em escala maior do que, em geral, acreditamos existir", conclui.

José Antônio finaliza, deixando um sugestão para os pais e uma dica de leitura para os pequenos: "Apesar de eu não ser pedagogo e muito menos psicopedagogo, vou arriscar uns palpites resultantes da minha observação como educador, que não trabalha com crianças, mas pai de dois jovens com quem tive o maior prazer de iniciar as primeiras leituras. Retomando o argumento de que as crianças são nativas de um mundo imagético, minha intuição diz que devemos iniciar as crianças na leitura de obras com mais imagens do que textos. As imagens são textos de grande teor simbólico. Na minha percepção, os adultos deveriam incentivar as crianças a analisarem as imagens calmamente. Aprendi isso com meu filho Lucas. Eu me lembro de que ele colocava a mão sobre a página e não me deixava prosseguir, até que ele analisasse detidamente as imagens. Eu me surpreendi com essa atitude dele, pois parecia que ele lia detalhes. Só depois de certo tempo, ele olhava para mim e dizia: pode virar a página. Então deixo essa a dica para os pais. E para quem quer iniciar uma agradável e divertida leitura, indico a coleção "A Bruxa Onilda".

Confira na próxima Reportagem, entrevista com a psicóloga, Renata Dias sobre o assunto