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Confira o artigo desta semana: A nova solidão


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Fanny Elen
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Publicado em: 10/03/2017 - 00:00

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Esta crônica será um exagero para alguns, mas pode servir de alerta para muitos. Segundo o estudioso da mente, Augusto Cury, o uso, sem limites, do mundo virtual, com suas redes sociais e jogos de mil possibilidades, está formando jovens com informações a mais e afetividade a menos. Nunca houve uma geração mais triste do que esta. Há um desinteresse pela vida real e isto é um perigo.

Primeiro, comecei a sentir a horrível sensação de estar sobrando. Até que cheguei à triste constatação. Os netos, esses seres que a gente ama desmesuradamente, estão ficando alheios à nossa presença. Já tentei de tudo pra me convencer do contrário, mas a coisa tá difícil. Procuro interagir, usar a mesma língua ? fi­quei de cara, véio! Não há reação. Espalhados pela casa, não veem, não falam, não escutam. Não são os meninos que me visitavam nas tardes de domingo. São, agora, in­ternautas, navegando pelo mundo virtual.

Ignorada, cheguei ao cúmulo de pensar - Quem sa­be morri, e ainda não me caiu a ficha. Apegada à casa, não serei uma alma penada vagando, tentando a comunicação? - Mas o apito da chaleira do café me trouxe de volta. Faço a mesa de gostosuras e a chamada gestual. Eles não resistem. Mas chegam robotizados, com os inseparáveis aparelhinhos de telinhas e tecladinhos: os ce­lu­lares --smartphones e similares. Entre biscoitos, ge­leias e bolos, continuam conectados nas redes sociais. Sociais? Nunca estiveram tão antissociais! Mensagens são passadas em palavras reduzidas. Deve ser a causa da fala monossilábica. Quer um suco de laranja? ?Hã Hã! ? quer um de limão sem açúcar? ?Hã Hã!

O avô, sem graça, deixou de contar suas aventuras, antes tão solicitadas. Nem a TV a cabo é capaz de competir. Um silêncio intercalado de barulhos estranhos dos jogos acessados impede qualquer aproximação. Que ironia! A internet, o mais colossal invento tecnológico de todos os tempos, que pode trazer o universo à nossa sala, nos rouba o que de mais precioso temos na vida: o convívio familiar.

É um sequestro debaixo de nossos olhos. De re­pente, experimento uma nova solidão. Me surpreendo com saudade dos beijos, abraços, chamegos, risos e brincadeiras; e até do futebol assistido coletivamente, no meio de gritos e xingamentos.

À noitinha, se juntam, com muito custo, para as despedidas. -- Tchau, vó! Fui! - que quer dizer "já vou embora!". Um beijo apressado, debandam escada abaixo. Em desalento, tenho vontade de chamar cada um deles, abraçar, afagar e dizer: - Como já vai? ? se nem chegou!!!

 

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