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Ecotres estuda construção de usina termelétrica em CL


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Mariana Carvalho
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Publicado em: 12/06/2022 - 18:33

 

Atendendo 25 cidades, aterro sanitário recebe 230 toneladas de resíduos diariamente, sendo 73 de Lafaiete.

Localizado em Lafaiete, no Alto da Varginha, perto da MG-129, o aterro regional deve receber a instalação de uma usina termelétrica. De acordo com o Consórcio Público de Tratamento de Resíduos Sólidos (Ecotres), o projeto se encontra na fase de estudos, e quando em funcionamento, não apenas irá trazer benefícios ambientais para a região como também vai gerar empregos diretos e indiretos:

“O contrato de concessão prevê que a empresa responsável pelo aterro sanitário deve desenvolver Mecanismo de Desen­vol­vimento Limpo (MDL) nos moldes preconizados pela convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e/ou implementar mecanismo de valorização energética. O objetivo é mitigar os efeitos nocivos, na atmosfera e no clima, do gás metano (CH4) existente no biogás gerado pela decomposição anaeróbica da matéria orgânica depositada no aterro”, detalha o procurador do Ecotres, Luiz Claudio Grossi.

O projeto prevê o aproveitamento do gás gerado no aterro sanitário para geração de energia por meio de uma usina termelétrica, a ser instalada no próprio aterro. Também segundo Luiz Cláudio Grossi, não há uma data definida para o começo das obras ou projeção precisa sobre o total de empregos diretos e indiretos a serem gerados. A atividade será submetida à apreciação do órgão ambiental, que indicará os estudos necessários.

Conforme prevê o contrato, o investimento será realizado pela empresa detentora da concessão do aterro sanitário. “A instalação da usina terá como benefícios a geração de energia, por meio de mecanismos limpos, trazendo impactos econômicos e ambientais positivos, e assim, diminuindo a sobrecarga das concessionárias de energia elétrica”, acrescenta a chefe de Departamento Ambiental, Danielle Correa.

Esse processo para geração de energia limpa e renovável ocorre a partir da captação do biogás na área do maciço de resíduos aterrados. “Por meio de motores a combustão de alta performance, o biogás é queimado e gera energia elétrica, que será direcionada ao centro de captação indicado pela Cemig. A ação minimiza o aumento do efeito estufa e promove a valorização sustentável dos gases gerados no aterro. A geração de energia renovável por meio do biogás é uma tecnologia inovadora. Estima-se inicialmente a geração de 1 MW”, concluem Luiz Cláudio e Danielle Correa.

Se a usina ainda precisa ser tirada do papel, o aterro sanitário hoje é uma realidade presente não só na vida e no meio ambiente de Conselheiro Lafaiete, Congonhas e Ouro Branco, mas de outras 22 cidades da região. A estrutura, que antes foi questionada diante de uma mais que justificável preocupação com o meio ambiente, tirou a cidade de uma situação grave e incômoda. Isso porque, antes da formação do Ecotres, Lafaiete chegou a ter o 2º pior lixão do estado.

A criação do aterro sanitário passou por fases de idealização, planejamento e licenciamento e teve início em 2005. A proposta inicial incluía criar uma estrutura para a destinação adequada aos resíduos sólidos urbanos de Lafaiete, Ouro Branco e Congonhas. Após o planejamento, levantamento de áreas, cálculo de engenharia para viabilidade e estudo de impacto, teve início o processo de licença de instalação. As obras iniciais foram concluídas em 2012 e em agosto de 2014, o Ecotres obteve autorização para operação.

Mas para sustentar a atividade era preciso que a estrutura se tornasse, também, viável financeiramente. E isso, segundo detalha Luiz Grossi, exigia atender, no mínimo, a uma população de 200 mil habitantes. Foi por esse motivo que o aterro abriu as portas para a participação regional: “Considerando que o aterro sanitário é operado por meio de concessão, e há espaço para recebimento de resíduos de outros municípios sem impactar na vida útil do aterro sanitário, e considerando ainda que a questão ambiental se estende além dos limites territoriais, prevaleceu o benefício ambiental com a destinação ambientalmente adequada de resíduos para a nossa região”, explica.

Atualmente, o aterro recebe, em média, 230 toneladas de resíduos por dia. 73 toneladas, também em média, provêm de Lafaiete. As outras quase 160 toneladas chegam à cidade em caminhões originados de Alto Rio Doce, Barbacena, Belo Vale, Caranaíba, Carandaí, Catas Altas da Noruega, Cimvalp (Piranga, Desterro de Entre Rios, Diogo de Vas­concelos), Condapav (Santana dos Montes, Casa Grande, Cristiano Otoni, Que­luzito - abril/22), Congonhas, Con­se­lhei­ro Lafaiete, Entre Rios de Minas, Itaverava, Jeceaba, Lamim, Ouro Branco, Ressaquinha, Rio Espera, São Brás do Suaçuí, Senhora de Oliveira e Senhora dos Remédios.

Diante do aumento no volume de resíduos recebidos, a preocupação inicial era de que a estrutura tivesse a sua vida útil reduzida. O que, de acordo com Danielle Correa, não aconteceu: “A duração de 15 anos de vida útil prevista anteriormente foi ampliada para 18 anos, ou seja, houve um ganho de vida útil no aterro sanitário. Cada município elaborou, de forma individual, seu plano de gerenciamento de resíduos e suas metas”, detalha.

O funcionamento do aterro sanitário exige um controle ambiental contínuo da área. “São monitorados os gases gerados no maciço do aterro sanitário e o chorume. A água das nascentes no entorno do aterro passa por análises e também temos poços perfurados no entorno do maciço de resíduo, para verificar a qualidade das águas subterrâneas. Esse monitoramento retrata as condições ambientais no local demonstrando, que não há dano ambiental”, assegura Danielle Correa.

É importante destacar que, após findado esse período, a área que hoje recebe esses resíduos não poderá ser simplesmente abandonada: “A norma técnica para aterros sanitários in­dica que, após o encerramento da capacidade do aterro, a área deve ser monitorada continuamente. Também é preciso manter a captação do gás e geração do chorume para destinação adequada”, adianta Luiz Cláudio Grossi. Pa­ra a destinação correta de resíduos da construção civil, cada município estuda solução. E no caso de Conselheiro Lafaiete, existe uma área em processo de licenciamento ambiental, aguardando autorização para iniciar sua operação.

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