Após uma campanha extremamente polarizada e o resultado mais apertado na história da nossa jovem democracia, seria inocência demais pensar que os ânimos simplesmente se acalmariam e que a paz voltaria a reinar em questão de dias, ou semanas. Mas as cenas dantescas registradas no último 8 de janeiro extrapolariam os limites da razoabilidade até mesmo na literatura de ficção. Carregando a bandeira com o lema “Ordem e Progresso” nas costas, homens e mulheres depredaram o patrimônio público e afrontaram os três poderes que regem a nossa democracia. Agiram como animais, extremistas, e envergonharam até mesmo aqueles que julgavam representar.

Obras de arte de valor inestimável, peças que documentam o nosso passado e o espaço onde os rumos do nosso país são decididos foram violados por centenas de criminosos – sim, porque a lista de delitos ali cometidos é extensa e as penas por todas as ações precisam ser dosadas, de forma justa, e pagas exemplarmente. E que se estenda, também de forma justa, a punição aos que financiaram, incentivaram e controlaram, como em um teatro de marionetes, a ação dos bandalheiros que invadiram Brasília.

Por fim, venceu a democracia e mesmo os que se consideraram derrotados no último pleito têm motivos para respirar aliviados. Porque é a manutenção da voz das urnas que garantirá a eles o direito de disputar – e sendo da vontade da maioria, voltar ao poder daqui a 4 anos. Tudo isso dentro da legitimidade, sem golpe, como determina a Carta Magna da Nação. Um grupo de vândalos não pode sobrepujar o nosso bem maior. Não pode e nunca poderá deixar de joelhos o Brasil.

O que espera, agora, é que cumpra o que deve ser. Que os criminosos paguem, inclusive, em termos materiais, com o ressarcimento dos prejuízos. Que os representantes eleitos governem para o povo e para o progresso do país. E que a oposição – peça essencial em uma engrenagem democrática - cumpra o seu dever de fiscalizar e garantir que permaneça sempre o desejo daquele de que emana o verdadeiro poder. É hora de trabalhar, senhoras e senhores, para que o lema “Ordem e Progresso” volte a fazer sentido para todos.