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A pintura sacra genial de Mestre Atayde


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Rafaela Melo
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Publicado em: 28/10/2023 - 16:30

Pinturas nas igrejas de Santo Antônio em Itaverava e São Francisco de Assis em Ouro Preto: tombamentos e proteção do IPHAN

Toma dessas “Minas do Ouro” a estrada. Vamos conhecer a genialidade da maior expressão brasileira do barroco e do rococó nas pinturas sacras de nossas setentistas igrejas. Apeie em Congonhas do Campo: suba a ladeira que leva ao monumento cultural da humanidade. Ao chegar à “santa colina” inicie sua peregrinação pela via sacra. Nas capelas de coberturas icônicas, as cenas são esculturas de Aleijadinho, “encarnadas” por Mestre Atayde e seu sócio, aluno-mor, louvado, (uma espécie de avalista da época) o desconhecido até então, Francisco Xavier Carneiro, segundo a estudiosa Miryam Andrade Ribeiro.

Teto da Igreja Matriz de Senhora dos Remédios e teto da capela da Fazenda Fonte Limpa em Santana dos Montes

Suba a galope para a Vila Rica. Em nova “via sacra” respire os ares misteriosos e gososos da nossa capital colonial. Apeie na Matriz do Pilar. Contrito, ajoelhe-se ante a grandeza da cultura dos povos de Minas. Curve-se à majestosa arte que Silvio de Vasconcellos mostrou em 1937 aos modernistas. Estes, com Mario de Andrade, Manual Bandeira e Oscar Niemeyer (dentre outros) á frente do culto séquito, vão alí naquele templo, identificar em nossa história edificada, pintada, esculpida, o Patrimônio Cultural Brasileiro (segundo Mauro Werkema em seu livro História e Formação de Minas Gerais, 300 anos)- base para as nossas politicas de proteção.

Pinturas no teto da Matriz de Santana. A cena do dilúvio e a aca de Noé também tem uma versão na Igreja de São Francisco, em Mariana

Procissão de fé ladeira abaixo, próximo mistério glorioso, espetacular de nossa via sacra: A Igreja de São Francisco de Assis. Na sublime catarse que se instalará, comtemple os traços iniguiláveis (assim como na matriz do Pilar) que dizem da genialidade de nosso Mestre Atayde: Ele pinta cenas bíblicas em colossais brasões que encimados a colunas clássicas dão a “falsa arquitetura”, como se tais cenas estivessem num céu infinito.

De novo tomemos das Minas do Ouro, as estradas. Seguiremos para o Sabará-buçu, dando volta a montanhas mágicas e pousando olhares na Santa Barbara e no belíssimo Santuário do Caraça onde repousa majestosa também a arte de  Atayde. Passando pela primeira capital das Minas, Mariana observe que a “Cena do Diluvio e a Arca de Noé”  ao lado da pia batismal é uma obra que tem uma incrível similar (Legado de Atayde e sua escola) na Matriz de Santa Ana do Morro do Chapéu (hoje Santana dos Montes). De Mariana, navegue pela mar de montanhas em direção à Piranga. Apeie no Distrito de Bom Jesus do Pirapetinga e suba ladeira para o Santuário do Bom Jesus.

Uma das mais belas igrejas de Minas segundo nosso professor Angelo Osvaldo (nossa sapiência em patrimônio cultural). Aqui, o aluno Fracisco Xavier Carneiro, ao adornar os famosos brasões do mestre não ousa pintar a falsa arquitetura e decora, (assim como em Itaverava, Santana dos Montes, Itabirito e Senhora dos Remédios) as cenas principais com motivos vários como muros em madeira, vasos floridos ou guirlandas de flores como em Santana.

De Piranga siga para Itaverava e após desfrutar de sua excelente cozinha mineira (e visita à Igreja de Santo Antônio) rume para as terras de Santa Ana. No núcleo histórico urbano patrimônio das Minas Gerais (tombamento IEPHA/MG) visite a singela igreja iniciada em 1729 pelos fazendeiros que aqui já produziam alimentos para a região do ouro.

Siga para a pacata Senhora dos Remédios passando pelo “mar de Minas” visto do alto da Pedra Menina. Nessas ultimas duas cidades, as pinturas são obra solo de Francisco Xavier não participando delas nosso Mestre Atayde. Tome de Minas a estrada e dareso volta ao mundo. Em nova aventura, vamos dar um pulo na Espanha para comparar como eles e nós tratamos nosso patrimônio cultural na perspectiva do turismo sustentável. Até já.

Por José Geraldo

Agente cultural em Santana e pesquisador das histórias e encantos do Alto Vale do Piranga

Colaborou:  Dom Angelo Osvaldo de Araújo Santos 

Principe do Patrimônio Cultural Brasileiro

Prefeito de Ouro Preto  e Secretário de Estado da Cultura/ Ministro de Estado da Cultura

 

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