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Saúde
Epidemia de dengue lota hospitais de Lafaiete e região
Divulgação
Foto: Arquivo Jornal CORREIO
Publicado em: 10/03/2024 - 13:31
A médica infectologista, Fernanda Neves, reforça os cuidados para eliminação de focos
Em menos de 2 meses, Lafaiete já superou o total de casos de dengue e Chikungunya registrados em todo ao no de 2023. De acordo com os dados retirados do Painel de Monitoramento de Arboviroses no dia 28/02, a cidade já havia notificado 4.380 casos, contra os 4.225 do ano anterior (+155). A cidade também soma 1.827 (36% a mais que em todo 2023) confirmações e investiga 3 óbitos. Também foram computados 16 casos de Chikungunya – doença também transmitida pelo Aedes aegypti e que causa sintomas semelhantes – e novos casos de covid.
Como consequência disso, os hospitais, policlínica e postos de saúde estão lotados. O Pronto Atedimento (PA) da Unimed atingiu sua capacidade máxima de atendimento esta semana. Em nota à imprensa, o Hospital e Maternidade São José (HMSJ) informou também que está operando em sua capacidade máxima. Em face do surto de covid, a unidade passou ao solicitar o uso de máscaras a todos os acompanhantes, visitantes e pessoas com sintomas gripais.
As mesmas medidas foram adotadas pelo Hospital FOB. Informando que a capacidade de atendimento das unidades de Ouro Branco e Lafaiete atingiu níveis críticos, a FOB orienta a buscar atendimento de urgência e emergência apenas em caso de extrema necessidade. O uso da máscara em caso de sintomas gripais também é solicitado. Unidades de PSF estão priorizando o atendimento a pacientes com arboviroses em detrimento de consultas eletivas.
Quando procurar atendimento médico?
O aumento no tempo de espera por atendimento e a circulação de doenças contagiosas, como a covid-19, têm levado muita gente a repensar a ida ao médico. Mas quando é possível ficar em casa? Vale a pena se automedicar? Quem respondeu a essas e outras perguntas feitas pelo Jornal CORREIO foi a médica infectologista Fernanda Neves: “Devemos ficar atentos aos sinais de alarme, que incluem dor abdominal intensa, vômito persistente, hipertensão pontual, letargia ou irritabilidade e evidência de sangramento (nasal, gengival, nas fezes e urina). Diante desses sintomas, é preciso buscar atendimento com urgência. E essa atenção deve ser redobrada quando se trata de crianças menores de 2 anos, idosos, gestantes e pessoas com comodidades, pois esses grupos têm maior risco de complicações”, pontua.
Médica infectologista Fernanda Neves
Outro cuidado essencial é resistir à ideia de se automedicar. Essa prática não só mascara os sintomas reais da doença, dificultando o diagnóstico correto, como também tem potencial para agravar a dengue e aumentar as chances de complicações: “Quem tem suspeita de dengue ou já confirmou seu diagnóstico não deve fazer uso de anti-inflamatórios: nimesulida, diclofenaco, ibuprofeno, AAS, aspirina, corticoide, salicilatos. É importante destacar que não existe tratamento específico para dengue. Não podemos acreditar em fake news. Ivermectina não trata a dengue. Ela é usada para tratamentos de verminose e pode causar reações adversas, como diarreia náusea, vômitos, dores abdominais, piorando os sintomas da dengue”, acrescenta.
“O mais importante é repouso e ingestão de líquido. Caso seja necessário o uso de medicamentos para tratamento de febre ou dor, deverão ser utilizados medicamentos do tipo paracetamol ou dipirona de forma racional e, de preferência, com orientação médica”. E, claro, não descuidar da prevenção: “Todos devem usar repelente, mesmo que estejam com dengue, porque ao picar uma pessoa com dengue, o mosquito se infecta e pode transmitir a doença para outra pessoa”, esclarece a médica infectologista Fernanda Neves, que reforça os cuidados para eliminação de focos (leia mais sobre o assunto nas páginas 6, 7 e 9).