O talento de mãos que fazem a cultura em Lafaiete recebeu mais um reconhecimento: a bordadeira Maria Augusta acaba de ser agraciada com o Prêmio Trajetórias Culturais - categoria Mestres e Mestras - em um edital estadual da Lei Paulo Gustavo. A nova premiação se junta à outra, nacional, conquistada por Maria Augusta em 2023. Na oportunidade, ela conquistou o 1º lugar, na categoria Artesanato do Prêmio Brasil Criativo, que é reconhecido pelo Ministério da Cultura como "a premiação oficial da economia criativa no Brasil". A conquista foi retratada em um belo documentário, cujos protagonistas são os vencedores das 15 categorias do prêmio, em suas respectivas cidades. Em Lafaiete, as gravações aconteceram ao longo de quatro dias, no ateliê da bordadeira, na sede da Amar e em atrativos turísticos da cidade. Lançado recentemente no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, o média-metragem já pode ser visto na Internet, em: https://www.youtube.com/watch?v=brwgyi2nfjo

A mestra bordadeira 

Maria Augusta Carvalho de Queiroz nasceu em 1933, em Catas Altas da Noruega, e reside em Lafaiete há 58 anos. Segunda de 11 irmãos, tem quatro filhos, quatro netas e dois bisnetos. Trabalhou por muito tempo com comércio e, paralelamente, como costureira, ofício aprendido aos 15 anos de idade. 50 anos depois, aposentou a máquina de costura e passou a se dedicar ao trabalho voluntário. Ao lado de vários moradores dos bairros Angélica e Albinópolis, ajudou a fundar a sua associação (Amar) e foi eleita sua primeira presidente, cargo que ocupa novamente hoje e que, ao longo destes 25 anos, alternou com os de vice-presidente e tesoureira. Também é corresponsável pela biblioteca comunitária da Amar e professora de artesanato. Já deu aulas de fuxico e de flores de tecido. Depois, passou a ensinar o bordado livre. Depois, inspirada pela cultura popular, Dona Augusta criou uma série em estilo "naïf" ou ingênuo. E assim, povoou suas almofadas, bolsas e quadros com casas, animais, pessoas, festejos e coloridas cenas de paisagens urbanas e rurais. Este tema lhe trouxe à memória os quadros e barrados pintados por um artista autodidata nas paredes da casa de fazenda de seus pais, em Catas Altas da Noruega, onde passou a infância e a mocidade. E percebeu que ter convivido com aquelas pinturas contribuiu muito para que ela desenvolvesse seu olhar sobre a arte e a cultura populares. Este rico patrimônio cultural brasileiro é uma inesgotável fonte de inspiração para as suas criações, que são mostradas pelo coletivo familiar Arte em Casa, formado pela bordadeira e três de seus filhos, que também trabalham com arte, design e artesanato. 

Durante a pandemia, Maria Augusta criou, individualmente, uma nova coleção de bordados: "Circuito Villas e Fazendas de Minas", retratando atrativos dos seus doze municípios. Nessa época, seus trabalhos participaram de três mostras coletivas internacionais: a "3ª BiNaïf - Bienal Internacional de Arte Naïf" (em Socorro, SP), o "Hope Wall" / "Muro da Esperança" (Richmond, Virgínia, EUA) e o “IV FIAN - Festival Internacional de Arte Naïf” (Guarabira, PB, e Penápolis, SP), onde expôs na sala especial dos artistas homenageados. Em 2022, a Casa da Cultura Gabriella Mendonça recebeu a exposição “Maria Augusta e o Maravilhoso Mundo do Bordado Artístico”, realizada pelo Arte em Casa. Na ocasião, o coletivo lançou um calendário e um livro, onde os bordados eram acompanhados de trechos literários brasileiros já em domínio público. A Amar também prepara uma exposição e o lançamento de um livro, ambos com bordados da mestra e de 25 de suas alunas. O evento acontecerá na sede da Amar, no dia 29 de maio, data em que este Ponto de Cultura estará comemorando o seu Jubileu de Prata, motivo de muita alegria para a comunidade e a mestra bordadeira. Legenda: A nova premiação se junta à outra, nacional, conquistada em 2023; a bordadeira já transmitiu seus conhecimentos a sete turmas de mulheres 

Serviço: Exposição de lançamento do livro Data: 29/05 Mais informações: Instagram: @arteemcasapresentes e @pontodeculturaamar.