Mais Lidas
Leia Mais
Cultura
Festa Junina - Tradição, raiz, origem. Chegou a hora da fogueira! É noite de São João...
Divulgação
Fotos: Kelly Anne de Oliveira, Valdirene Rocha, Giovane Neiva, sec de cultura de Queluzito, sec de cultura de Cristiano Otoni, Mariana Cândido.
Publicado em: 30/06/2024 - 09:20
Festa Junina da Rede Municipal de Ensino - Santana dos Montes
Santo Antônio, São João e São Pedro tem funções e ofícios muito particulares na devoção popular nacional. Augusto de Lima Junior (na sua obra “A Capitania das Minas Gerais”) nos relata que para as “Minas do Ouro” vem nossa população portuguesa que é em sua grossa parte oriunda do norte de Portugal, especialmente do Arcebispado de Braga, de raiz cristã ancestral. Aqui, Santo Antônio chega na função militar, a frente de proteção das Bandeiras, para logo assumir o oficio de Santo casamenteiro (é submetido a todo tipo de torturas, com a imagem decepada, mergulhada em fundo de baú ou lago, até que cumpra a promessa do casório. quando volta às honras do altar. Injustiça histórica com São Gonçalo do Amarante. Que tem a função também de casamenteiro, especializado, todavia em noivas de mais idade, encalhadas.
São João era santo festeiro. Mais envolvido em folguedos, adivinhações e folias (daí sua fama) e “pouco solicitado a milagres e graças”. Tomou-se emprestado a fogueira “pagã” do solstício de inverno a credito de São João Batista. Sua mãe teria acendido uma fogueira no alto da montanha em aviso a Nossa Senhora, do nascimento de Jesus. São Pedro é referenciado nas festas juninas porque, autoridade inconteste que tem as chaves do céu. Foi em 29 de junho martirizado.
Nossa dança de quadrilhas, (Patrimônio Imaterial do povo brasileiro) teve origem nos salões de festas da monarquia da Inglaterra do século XIII, tendo migrado para os salões nobres da França (e trazida pelos nossos portugueses, para nossos sertões da cana e do ouro). Aqui chegando no século XIX, teve muito sucesso sob o patrocínio de São João, Santo Antônio e São Pedro. Sagrado e profano mais uma vez se unem na tarefa católica de catequizar.
No Nordeste de Caruaru e Campo Grande, no Rio de Janeiro imperial ou nas Minas do Ouro, cada povo tratou de adequar a “dança” a seus gostos e a seus ritmos. No Nordeste, carnavalescamente adotou baiões, xaxados, xotes, frevos... Nos “montes” das Minas rurais se deteve a dança de quadrilhas, mais perto de suas origens de dança dos salões do reino (das monarquias européias, fique claro).
No Circuito Turístico das Villas e Fazendas, Santo Antônio é padroeiro nas cidades de Cristiano e na colonial cidade do ouro: Itaverava. Ali, na Matriz de Santo Antônio, em maio, meninas coroam a Santa Maria e em junho, meninos coroam a Santo Antônio, em folguedos ancestrais que se perpetuam no tempo. Para Santo Antônio, Cristiano Otoni dedica suas mais nobres referências, em festivais de quadrilhas em meio aos ofícios religiosos nos dias dedicados ao padroeiro. Em Catas Altas da Noruega, o “Arraiá das Graças” é promovido pela Paróquia de São Gonçalo do Amarante, santo que como já apontamos tem função casamenteira com suas folias e violas (da qual é patrono). Todas as escolas municipais e estaduais, tem suas festas juninas a serem realizadas nessa época com brilho e dedicação a cargo dos nossos heróis mestres.
Em Queluzito, estudantes do 2º ano da Escola Estadual foram os responsáveis pelas barraquinhas no 2º Arraiá do Povão realizado no Parque de Exposições Leonardo Vieira.
Resistem heroicamente (pela força dos agentes culturais) nossas tradições, de nosso patrimônio imaterial, de nosso folclore e tradição. Mas enfraquecidos pelos novos ritmos e modismos da era globalizada. Nossa cultura necessita de mais cuidados para não desaparecer...
José Geraldo Dutra é pesquisador da história e dos encantos da antiga Queluz de Minas e sua redondeza.
Festa de Santo Antônio - Itaverava
Arraiá do Povão - Queluzito
Arraiá das Graças - Catas Altas da Noruega
Festa de Santo Antônio - Cristiano Otoni
Festa junina na Fazenda Fonte Limpa