Pela manhã, Alessandra saiu de moto para comprar um amaciante e, ao chegar ao supermercado, percebeu que no guidom da moto, onde estava carregando seus pertences, só havia a alça da bolsa. “O meu desespero foi instantâneo: voltei em alta velocidade, na contra-mão, olhando apenas para o chão, na esperança de achar caído. Por proteção de Deus, na virada de uma curva, onde também é uma subida, não bati de frente com um ônibus. Fiz todo o trajeto até a minha casa, que é curto, e não achei. Voltei de novo para o supermercado, e novamente fui até a minha casa na contra-mão. Só então entrei em casa e acordei meu marido, passamos várias vezes na mesma rua, olhando debaixo dos carros parados, andamos na redondeza, na esperança de ver na mão de alguém e não encontramos. Fiz um boletim de ocorrência, procurei a rádio, mas não teve como fazer mais nada, a não ser andar pelos lotes perto de casa, na esperança de ver um documento meu no chão ou o recibo do carro que eu havia vendido”, contou Alessandra.
De acordo com a vendedora, seu dia foi angustiante: “Era o dinheiro de passar o mês, terminar de pagar as contas. Foi um dia de angústia e revolta comigo mesma. Quanto mais passava o dia, menos esperança eu tinha de reaver pelo menos os documentos, porque já tinha dado tempo da pessoa me devolver. Na parte da tarde andei novamente pelo percurso até o supermercado, entrei nos lotes procurando pelo menos os documentos. Chorei muito e não me alimentei direito durante o dia”, relatou.
Alessandra já tinha perdido a esperança de encontra seus pertences, quando no final da tarde sua campainha tocou. “Era uma senhor; uma esperança. Já abri a porta perguntando se ele tinha achado a minha carteira. Ele disse que não, que tinha me procurado, por indicação de um amigo, para trocar o carro. Decepcionada, eu pedi para ele ir à loja na segunda-feira, expliquei que estava mal por ter perdido o salário e o recibo do carro da empresa. Ele perguntou meu sobrenome e disse, para me alegrar, pois tinha achado minha carteira. Então ele fez sinal e a esposa dele saiu do carro com a minha bolsa. Foi uma emoção inexplicável. Abracei muito o senhor e a esposa dela. Nos dias de hoje, são poucos de bom coração”, descreveu a vendedora.
O casal que devolveu todos os pertences de Alessandra viu a bolsa cair da moto e conseguiu achar a casa da vendedora através de uma conta de luz que estava em seu nome. “O casal relatou que só não havia entregado minha bolsa antes,porque não tinham achado a minha casa. Na conta de luz, o nome do bairro estava como Boa Vista e todos conhecem como Museu. Com muita dificuldade e insistência minha consegui recompensá-los com R$ 50, mas eles não queriam aceitar. Mereciam muito mais pela atitude”, explicou Alessandra.