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Praças de Lafaiete retratam tensão entre passado e presente


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Publicado em: 21/06/2011 - 15:42

Praça Barão de Queluz

Um dos lugares mais antigos da velha Queluz, a Praça Barão de Queluz abriga dois importantes monumentos: o Chafariz e a placa comemorativa aos expedicionários. Cenário de um importante fato histórico - a batalha da Revolução Liberal de 1842, na qual os liberais de Queluz combateram os soldados imperiais - a praça já marcou a vida de muitas pessoas. Atualmente, um cenário desolador, resultado de um vandalismo sem limites que impede qualquer tentativa de resgatar as antigas características deste ponto.

O Largo da Matriz, como era chamado, é lembrado com carinho pela escritora lafaietense, Avelina Maria Noronha de Almeida. “Me recordo de quando o dr. Mário Rodrigues Pereira plantou pérgulas de bouganville na praça, dando um efeito muito bonito. Depois passaram até a chamar de Árvore do Amor, porque era um local onde os namorados adoravam ficar. A festa acabou quando o capitão Lucas chegou e prendia os namorados que estavam se beijando; os pais tinham que ir buscá-los na cadeia”, destacou.

Importante marco histórico dotado de beleza artística, o Chafariz é um alvo constante de pichações na praça. Em seu degrau do meio há um marco geodésico que emite sinais para satélites, dando posicionamento em relação à latitude e à longitude. É importante, entre outras coisas, para os meios de comunicação e de transporte e para a confecção de mapas. Quando os aviões passam, entram em contato com o aparelho que fica no chafariz. Em Minas Gerais existem apenas 20 desses marcos em funcionamento. O chafariz é tombado como patrimônio histórico municipal. 

Praça Tiradentes

Inspirada nos desenhos da orla de Copacabana, a Praça Tiradentes recebeu um calçamento português também na gestão do dr. Mário Rodrigues Pereira. Atualmente, ela abriga o Relógio Queluz, a Índia Carijó, a Fonte Luminosa, o Coreto e o monumento a Tiradentes. Dona Avelina Noronha de Almeida também se recorda de quando os rapazes ficavam em pé, nas beiradas dos canteiros, aguardando as moças passarem para saírem para namorar. “Como era linda a fonte luminosa! As águas rodavam mudando de cores; era maravilhoso”, acrescentou.

O clima de romance marcava a Praça Tiradentes. Dona Avelina se lembra de um abrigo em que as pessoas esperavam o ônibus. “O curioso é que tinha um rádio. As moças ofereciam músicas para os rapazes e eles também. Havia ainda o bar do Tergal, o bar do Brás - que fazia blocos - e o Campestre, um restaurante onde tinha um jogo de sinuca que a Raquel de Queiroz descreve em um dos seus contos”, ressaltou. 

Praça da Quitandinha

Uma praça que também deixou saudade em muitas pessoas é a Quitandinha, no bairro São Sebastião (zona oeste). Havia um gramado onde as crianças jogavam bola e os circos e parques de diversão montavam seus brinquedos e barracas. Com a ampliação da igreja de São Sebastião, a praça também foi remodelada, alterando o paisagismo e as atrações. Interessante também foi um mini-zoológico que existiu ali por muitos anos.  Com o nome de Praça São Sebastião, ela ganhou novo calçamento, ficou menor para dar espaço de circulação para ônibus e recebeu um coreto. Atualmente, possui um espaço para eventos culturais. 

Preservar: uma responsabilidade de todos

Em entrevista ao Jornal CORREIO, a diretora de Patrimônio Histórico, Mauricéia Aparecida Ferreira Maia, contou que as principais modificações que as praças sofreram ao longo dos anos, relacionam-se à urbanização, algumas plantas foram substituídas, árvores foram plantadas, bancos trocados, calçamento, a criação de monumentos e a instalação elétrica.

Já quanto às mutilações, Mauricéia lamenta: “A gente tem um problema sério com depredação de patrimônio que é a questão do mau uso. As pessoas acabam encostando, sentando, subindo, escrevendo com corretivo, com tinta; querem ‘registrar’ que estiveram ali, mas fazem de um modo errado. Este é o nosso grande problema”, afirma.

Mauricéia Aparecida revela que a Secretaria de Cultura pretende fazer o corredor cultural, unindo a praça Tiradentes à Barão de Queluz. “A ideia é remodelar, trazer o mais próximo do que foi o desenho na década de 40, 50. Também temos um projeto para a recuperação da Quitandinha”, finaliza.

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