Mais Lidas
Leia Mais
Morte de bebê mostra falta de estrutura em hospital pediátrico
Divulgação
Publicado em: 26/07/2011 - 12:06
A tia de Ana Júlia, Fábia dos Santos Campos, de 35 anos, contou à nossa Reportagem que a menina foi internada na quarta-feira, dia 13, porque estava muito fraca. “A médica de plantão, dra. Elaine, optou por interná-la para tomar soro e fazer alguns exames. Como ela estava com a temperatura do corpo baixa, colocaram nosso anjinho em uma caminha aquecida. Ela foi medicada às 20h e passou bem a noite. Às 6h30, eu e Luiza percebemos que os lábios da Ana Júlia estavam ficando roxos e a boquinha, endurecendo. A enfermeira disse que ela estava tendo uma parada respiratória.
De acordo com Fábia Campos, a partir daí começou o drama da família. “A médica e os enfermeiros chegaram para prestar os primeiros socorros, mas o Hospital São Vicente não possuía nenhuma estrutura para casos de emergência como esse. Não tinha sequer o ambú para o tamanho do bebê, que pudesse ser usado para injetar ar nos pulmões. Tiveram que buscar correndo no Hospital Queluz, mas o que conseguira só conseguiram um de tamanho maior. Depois, não havia o fio-guia para entubá-la e, novamente, perderam mais tempo procurando no Queluz. Enquanto tudo isso acontecia, como também não tinha uma máscara de oxigênio do tamanho que precisava, eu mesma tive que segurar a mangueira perto do nariz dela”, lembra.
Além da falta de estrutura do hospital São Vicente, considerado referência em pediatria em Lafaiete, também teria causado indignação à família da criança a postura da médica plantonista responsável pelo atendimento: “A médica ficava olhando para o relógio a todo momento, pois já teria passado a hora do plantão. Quando o médico chegou, ela simplesmente virou as costas e foi embora. Como a luminosidade no hospital também estava precária, dr. Alonso olhou os reflexos da minha sobrinha com a lanterna de um celular e depois ficou lendo os laudos na pasta dela. Para nossa tristeza, ele nos disse que Ana Júlia era cheia de problemas e que não adiantaria realizar nenhum procedimento”, conta.
Mesmo ciente do estado grave da sobrinha, Fábia Campos acredita que, se o hospital tivesse todos os equipamentos necessários, certamente, não teria perdido tanto tempo. “Sou casada, mãe de duas filhas e sei que isso poderia ter acontecido com qualquer criança. Deixo o meu desabafo e peço às autoridades municipais que se atentem para esta grave situação”, ressalta.
Eterna saudade - Em casa, ainda muito abalada com a morte da filha, Luíza Maria da Silva confessa que “a ficha ainda não caiu. Fico olhando para as roupinhas da Ana Júlia, lembrando do seu sorriso e pensando que ela ainda vai voltar; mas não vai. Peço aos órgãos competentes que tomem uma atitude em relação aos hospitais públicos para que outras mães não passem pela mesma situação que eu e minha família. A dor que eu sinto não tem tamanho”, lamenta.
O Jornal CORREIO solicitou o posicionamento oficial do Hospital São Vicente de Paulo, que optou por responder apenas na próxima edição. Já a Prefeitura municipal informou que o fato ocorreu dentro de uma unidade privada e que cabe à administração da mesma a apuração do ocorrido. “A postura que a Secretaria da Saúde pode tomar no momento é de proceder com a auditoria da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e verificar a descrição do laudo, mas a responsabilidade pelo fato é da unidade onde a criança recebeu a assistência médica”, escreveu.