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Projeto de preservação deve ser o legado de série de matérias do Jornal CORREIO


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Jornal Correio
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Publicado em: 27/06/2019 - 10:17

A série de matérias sobre meio ambiente, que encerramos nes­ta edição, deixa perguntas em aberto: até que ponto estamos conscientes dos problemas ambientais que vi­vemos? O que estamos dispostos a fa­zer para garantir a nossa própria so­brevivência? Nunca se pensou tão pou­co no amanhã quanto agora, nesta era da instantaneidade em que vivemos. E esses olhos fixos no presente imediato nos impedem, inclusive, de ver o passado: em 2014, a cidade en­frentou a maior seca de sua história. E o que foi feito para impedir que a situação não se agravasse? Esse foi um dos pontos que mais chamou atenção do ambientalista Ricardo da Rocha Viera.
Convidado a analisar o cenário ambiental ponto a ponto, o ambientalista fez isso com extrema propriedade e conhecimento, mas demonstrou preocupação quando o assunto foi a água: “O lixo preocupa muito, devido ao custo que Lafaiete tem – e a população quase não ajuda. Mas a seca de 2014 foi um aviso. O manancial Bananeiras já está sobrecarregado. O manancial dos Almeidas ainda tem condição de captar aquilo que a pri­meira captação não pegou. Mas não investimos e não avançamos em nada disso. O último manancial que a cidade criou foi o da Jacuba – e isso na década de 60. Desde então, ele já perdeu área com o assoreamento’, alerta.
Uma alternativa citada seria desassorear o lago antigo do Parque de Exposições, para armazenar a água durante o período chuvoso, assim como na Jacuba, onde também poderia ser criada uma estrutura para coletar a água das cheias. Mas todas as alternativas são caras e não podem ser feitas de uma hora para outra: exigem planejamento. O que também preocupa é a qualidade da água. Em especial, no que tange ao rio Bananeiras: “Já tenho todo o levantamento topográfico da área da bacia para encaminhar à Câmara. Precisamos criar um dispositivo para impedir algumas atividades daquela parte. A situação hoje é preocupante, porque ele apresenta problemas desde a nascente, em Buarque, por falta de tratamento de esgoto”, adianta.
Poluídas logo após nascerem, as águas exigem o uso de insumos químicos para se tornarem próprias para uso. “Quanto mais limpa a água for coletada, mais barato é o tratamento e isso reflete no custo da conta também. Quem dera que a água coletada para consumo fosse de classe 1 ou até especial e que só precisasse ser filtrada? Mas hoje não encontramos isso. Conforme a própria Copasa nos informou, as águas dos dois mananciais são de classe 2. A partir de classe 3, o tratamento já é muito complicado”, explica.

A grande redescoberta

Mas ao permitir que o ambientalista revisitasse cada setor do meio ambiente ao tempo, surgiram descobertas positivas, como foi o caso da mata da Meia Lua. “Formado em Direito com especialização em administração ambiental municipal, atuo nessa área há mais de 18 anos e, durante as apurações, observei situações que nem eu sabia. Foi a primeira vez que peguei um software de georreferenciamento para quantificar o tamanho da mata da Meia Lua. Fiquei impressionado em descobrir que ela possui um tamanho equivalente a 400 campos de futebol de área inteiramente preservada. É um patrimônio valioso que Lafaiete não conhece, mas que está nas mãos de particulares”, revela.
O objetivo, agora, é fazer contato com os proprietários para inventariar suas espécies animais, vegetais e suas nascentes: “Junto com o Jornal CORREIO, vamos estruturar o projeto e coloca-lo em prática. Acredito que até onças tenhamos naquela mata. O estágio é tão avançado que a vegetação rasteira quase não existe, ela é mais arbórea. Deve haver entre 300 e 500 espécies de árvores. Não é possível estimar a variedade animal, mas o fato é que precisamos conhecer e preservar”, afirma.

Repercussão positiva

O que também agradou foi a repercussão da série. “Nenhum veículo de comunicação nunca tinha feito uma série de matérias na área ambiental tão profunda e detalhada, com informações, dados e valores financeiros. Isso é importante demais para a cidade. Esperamos que isso não fique somente no papel. Tomara que nossos legisladores se baseiem nas informações publicadas para criar instrumentos legais e transformem o que hoje está no papel em prática”, finaliza.

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