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O FaceApp e os riscos da falta de cuidado na internet
Divulgação
Publicado em: 08/07/2020 - 10:12
Há algumas semanas todos se divertiram ao utilizar o aplicativo FaceApp, usado para descobrir como seria sua versão feminina ou masculina. Esse mesmo aplicativo, no ano passado, vinha com uma proposta parecida: transformar seus usuários em sua versão envelhecida, e assim, vimos uma enxurrada de “velhinhos” desfilando em nossas timelines.
Acontece que, como usuários de aplicativos, nos tornamos extremamente descuidados com questões importantes, como, por exemplo, a entrega gratuita e descuidada de nossos dados pessoais, em troca de alguns minutos de lazer.
Se você parar para ler as políticas de privacidade (que estão naquelas caixinhas que clicamos, concordando com tudo o que está escrito, apenas para ter acesso ao aplicativo), pode ser que você mude de ideia e não queira assumir os riscos dessa inocente brincadeira.
Isso porque, ao aceitar os termos e condições de uso destes aplicativos (e isso inclui Facebook, Instagram, Tik Tok, e-mails gratuitos etc.) você está liberando acessos destes aplicativos e plataformas a muitos dados pessoais que talvez você não queira que sejam acessados. Só para você entender a gravidade disto, faça uma pesquisa no Google sobre o caso Cambridge Analytica e veja como os dados de milhões de pessoas foram usados para manipular campanhas eleitorais nos Estados Unidos. É chocante.
Então, é importante que as pessoas saibam que, quando esses aplicativos nos oferecem entretenimento de forma gratuita, na verdade, estamos pagando com nossos dados pessoais. E claro que, estes dados serão utilizados para algum fim, que talvez você não esteja de acordo.
Um exemplo do uso indevido de nossos dados pessoais é o cruzamento destes dados, com outras informações, que você mesmo disponibiliza ao interagir com esses aplicativos, gerando um perfil de consumo, que será vendido para empresas que querem lhe oferecer produtos e serviços, que você, inocentemente, manifesta interesse ao utilizar os aplicativos e plataformas “gratuitas”.
Então, quando você começa a receber ligações e e-mails inconvenientes, com ofertas que você não está interessado, ou quando você pesquisa algum produto e passa a receber várias publicidades sobre ele, saiba que tudo isto é resultado da manipulação de seus dados pessoais, que, de alguma forma, estão circulando livremente.
Mas como podemos nos proteger?
Em agosto de 2020, entra em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e a partir daí, todas as empresas (de qualquer porte e qualquer segmento) deverão estar adequadas aos padrões de segurança com os dados pessoais de seus clientes. Esta lei vem com o escopo de moralizar esses abusos e descuidos cometidos com nossos dados pessoais, e quem não cumprir as regras ali determinadas, sofrerá consequências tais como multas, bloqueio de acesso ao banco de dados e outras sanções previstas na lei, além de poderem ser acionadas judicialmente, para reparar os danos causados aos titulares dos dados pessoais, por seu em desacordo com a lei.
Mas ainda assim, é preciso atenção e cuidado com a entrega de nossos dados pessoais, pois ao aceitar os termos e condições de forma inconsciente, estamos abrindo mão de nossa privacidade, o que pode causar muitos transtornos, que nem sempre são fáceis de serem reparados. Fiquem atentos!
Natália Lacerda
Advogada especializada em Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
Instagram: @natalialacerda.adv
Site: www.natalialacerda.com.br