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Irmandade de Santo Antônio se prepara para celebrar 150 anos de existência
Divulgação
Publicado em: 11/07/2020 - 11:01
Provedor José Marcos mostra o livro de ata da Irmandade
Uma fé que atravessa gerações completa, este ano, 150 anos de existência. Fundada em 16 de outubro de 1870 pelo então Barão de Queluz, a Irmandade de Santo Antônio de Queluz surgiu da união de um grupo de leigos, fiéis devotos, para prestar assistência social para pessoas necessitadas e oferecer um direito que era restrito na época: o de ser sepultado. Muita gente desconhece essa informação, mas, na época, só poderia ser sepultado quem pertencesse a uma irmandade e a de Santo Antônio estendeu para mais pessoas esse direito. Hoje, é uma das mais antigas de Lafaiete; só mais recente que a do Santíssimo Sacramento, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, extinta há alguns anos. Desde sua fundação, a tradição da reza do terço se manteve forte durante 149 anos, só sendo interrompida durante esta quarentena. E essa dedicação à caridade, que ainda é uma das marcas do grupo, esteve presente desde a sua origem. Em 1864, a irmandade foi presenteada pela então viúva de Manoel de Sá Tinoco com uma escritura, passando a propriedade da capela, que era de Santo Antônio, para que os patronos cuidassem. Décadas depois, em 1922, a irmandade adquiriu, de Romeu Guimarães de Albuquerque, um pequeno pedaço de terra anexo ao cemitério Nossa Senhora da Conceição, para sepultamento exclusivo de membros da irmandade e de seus familiares. Foi nessa mesma época que uma ata publicada no jornal O Estado de Minas Gerais manifestou a possibilidade da Irmandade construir o hospital para os pobres. Nessa época, a Sociedade São Vicente de Paula, mas especificamente, o Conselho Particular Vicentino Nossa Senhora da Conceição, se prontificou a construir esse hospital, já que tinha mais gente para trabalhar. “A propriedade foi cedida por escritura, lavrada em cartório, dando autoridade aos vicentinos para construir hospital, mas com finalidade exclusiva aos pobres de Lafaiete e região. Caso fugisse disso, toda a edificação e todo terreno ora emprestado, devolveria ao patrimônio da doadora, sem nenhuma indenização. E assim nasceu o Hospital São Vicente”, conta o atual provedor da irmandade, José Marcos Gonçalves. Com o tempo e a mudança de hábito das pessoas, o número de membros da irmandade, que chegou a 1.500 integrantes, caiu e hoje essa mesma fé é partilhada por pouco mais de 200 membros. No entanto, os que trazem a fé e devoção ao padroeiro no coração planejam uma grande celebração pelos 150 anos da irmandade: “Estamos preparando com o pároco da Matriz, José Maria, a possibilidade de fazermos uma missa festiva dos 150 anos. Pretendemos sair em caravana visitando as cidades com a relíquia de Santo Antônio, mas agora com esta pandemia, a gente ainda não sabe se vai ser possível. Esperamos que Deus nos permita e que até setembro tenhamos uma definição. Em primeira mão revelo que convidamos Dom Raimundo Damasceno para celebrar uma missa campal, junto com os párocos locais”, conta.
O templo Conforme situa a historiadora Avelina Noronha, até bem pouco tempo, antes da faminta verticalização que começou a engolir os horizontes de Lafaiete, uma igrejinha singela, no alto de um morro, podia ser avistada de quase toda parte da cidade. É a igreja de Santo Antônio, cuja história se entrelaça com o desenvolvimento do Campo dos Carijós, no século XVIII. Tem sua origem por volta de 1741, quando esteve em Carijós um missionário, Frei Jerônimo, que benzeu aquele pedaço de terra, no Morro das Cruzes, para que ali fosse construída a igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Entretanto, passaram-se quase 10 anos e a construção não teve início. Então, o capitão Manoel de Sá Tinoco requereu e obteve, em 14 de março de 1751, de Dom Frei Manoel da Cruz, primeiro bispo de Mariana, provisão para erigir e construir patrimônio para Santo Antônio. Ao contrário da maioria dos templos católicos construídos nas Minas Gerais do século XVIII e XIX, a igreja de Santo Antônio não foi construída para abrigar uma irmandade. O capitão Manoel de Sá Tinoco, antes de obter provisão para construir a igreja, teve que se indispor com a comunidade do Rosário, que se julgava dona e possuidora do terreno junto ao Morro das Cruzes. Então, ele recorreu ao bispo de Mariana. Consultada a Irmandade do Rosário, ela consentiu em ceder o terreno, desde que a imagem de sua padroeira fosse colocada no bico do altar, o que foi feito por Tinoco. A provisão da igreja de Santo Antônio foi passada a 14 de agosto de 1751. A igreja de Santo Antônio está citada no Diário de Viagem de Dom Pedro II, escrito em 1881, quando o Imperador fala de sua visita a Queluz: “A várzea por onde serpeia o Bananeiras é bonita assim como a entrada em Queluz, por onde um novo caminho que se fez seguindo o alto do morro. No fundo da cidade e fim de uma subida está a igrejinha de Santo Antônio, e no fundo alteia-se a serra do Ouro Branco, coroada de nuvens douradas pelo sol que se punha [...]” A Igreja de Santo Antônio é um belíssimo exemplar da arquitetura colonial mineira, situado no ponto mais alto da cidade. Às vezes, é erroneamente chamada de capela, mas trata-se realmente de uma igreja particular da Diocese Mariana, pois, como é a característica de igrejas, o templo de Santo Antônio possui um belo e artístico púlpito, que está guardado à espera de restauração. Além do altar-mor com o Sacrário existe, ainda, uma capela particular para o Santíssimo. Há várias décadas é realizada ininterruptamente a Novena da Sagrada Face de Conselheiro Lafaiete. Também acolhe, periodicamente, grupos de orações e outras entidades. Debaixo do piso, próximo ao altar, estão as urnas com os restos mortais dos diretores espirituais padre Américo Adolpho Taitson e cônego Galdino Rodrigues Malta. Também está enterrado, sob o piso, o fundador da Igreja, Manoel de Sá Tinoco.
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