Como se não bastasse tanta surpresa, o tenor recebeu um elogio emocionante de um dos jurados, na última semana. O maestro Benito Juarez parabenizou a sua apresentação: “Você realmente é um excelente artista, rapaz. Que voz! Parabéns”. O prêmio para o três vencedores do concurso é o sonho de todo músico: o contrato de um ano com a Sony Music e a gravação de um CD.
Em entrevista à nossa Reportagem, Mateus Baêta contou que recebeu a indicação de uma professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, mesmo sem ter um curso superior de Canto, decidiu participar. “Na inscrição, eu deveria enviar um vídeo com uma apresentação minha. Como foi tudo muito rápido, enviei o único vídeo que tinha disponível, cantando a música “Non ti scordar di me”, imortalizada na voz de Luciano Pavarotti. Um dia após o envio, a produção do programa entrou em contato comigo dizendo que estava aprovado. Con­fesso que fiquei um pouco sem lugar, não acreditando no que estava acontecendo. Não sei dizer quantas, mas muitas pessoas se inscreveram. Só sei que a produção estava muito rígida na escolha; queria tenores autênticos”, disse.
À frente do quadro Estilos, o diretor musical Marco Camargo, a apresentação de Ana Hickmann e um grupo renomado de jurados: o maestro e arranjador, Otávio Simões; a cantora lírica, Inês Stockler; o maestro Benito Juarez; e o presidente da Sony Music, Alexandre Schiavon; todos impressionados com a qualidade dos candidatos. A estreia do quadro foi, simplesmente no Palácio de Cedros construído em 1923 e onde acontecem grandes eventos. Nos dias três e quatro de maio, os tenores se apresentaram com muito luxo e profissionalismo. Nosso representante escolheu a ária de ópera chamada "La donna è mobile", de Verdi. Muito tranquilo e com uma apresentação impecável, Mateus Baêta recebeu um elogio inesquecível. “Quando o maestro parabenizou a minha performance, deu vontade de chorar. Virei as costas para as câmeras e não resisti, as lágrimas caíram”, confessou.
Quanto às expectativas para o concurso o lafaietense, que é professor de Física no Colégio Queluz de Minas e sócioproprietário da Escola de Música Vivace, não negou o grau de dificuldade da competição. “Meus concorrentes não são calouros, pode ter certeza disto. Não fiz curso na Itália, não fiz faculdade de Canto e nunca participei de nenhum programa de televisão, mas tenho a voz e a coragem de encarar todos os desafios que aparecerem pela frente agora. Um contrato com a Sony Music é o sonho de qualquer músico. Você simplesmente se estabiliza financeiramente e é lançado no mercado musical. É como ganhar na loteria. A música é simplesmente a minha vida”, ressaltou. Segundo Baêta, na próxima etapa os concorrentes serão divididos em grupos, mas ainda não foi definido o dia da apresentação nem se a escolha da música será livre. O fato é que o lafaietense está se preparando muito, principalmente estudando a pronúncia do italiano.

De geração em geração

“A música me acompanha desde que nasci, com meu pai tocando violão, com muita emoção, e minha mãe cantando com sua bela voz”, afirma Mateus. De fato, a carreira musical do nosso entrevistado seguiu a herança da sua família; as influências também foram dos avós paterno e materno e dos irmãos. Aos oito anos, aquele “menino-talento” aprendeu a tocar violão sozinho. Aos 16, começou a tocar guitarra, com a influência do rock progressivo. Aos 18, já tocava piano. Com 20, entrou no coral municipal, onde aprendeu muitas técnicas com o músico Paulo Siqueira. Logo depois, participou do grupo de casamento Vivace, liderado pela pianista e cantora Márcia Assis. Movidos pelo amor à música, criaram a Escola de Música Vivace.
O músico agradece o apoio fundamental, que tem recebido. “Tenho pais maravilhosos que sempre me apoiaram e tenho a sorte de ser rodeado de muitos amigos. Também quero agradecer ao Jornal Correio da Cidade por valorizar a cultura e os artistas de nossa região. É uma honra ser entrevistado por um jornal de grande prestígio. Aos meus alunos, familiares e toda a população de Lafaiete, obrigado pelo carinho que tenho recebido. Independente do resultado deste concurso, já está valendo a pena”, observou.