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Lafaiete relembra Batalha de Queluz


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Publicado em: 24/08/2012 - 17:23


As festividades para lembrar a Revolução Liberal começaram em Lafaiete no dia 14 de julho, quando foi realizada uma sessão da Câmara. A data marca a entrada da cidade na revolta, nessa dia, em 1942, a Câmara de Queluz reconheceu e aderiu ao movimento. “A sessão contou com a participação do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMH) que trouxe uma delegação de 12 pessoas. Além disso, tivemos a oportunidade de assistir a uma palestra do presidente do instituto, Jorge Lasmar”, afirmou o coordenador do Projeto Memória Viva Queluz de Minas, João Vicente Gomes.


No dia 26 de julho, aniversário da Batalha de Queluz, foi feita uma conferência na matriz Nossa Senhora da Conceição. No sábado, 25, também na matriz, será descerrada uma placa alusiva ao heróico feito pelas tropas insurgentes de Queluz que derrotaram as tropas legalistas na principal vitória dos liberais no movimento em Minas.


João Vicente explicou os objetivos do Memória Viva Queluz. “Neste segunda edição, o projeto contou com novos parceiros, dentre eles a Câmara Municipal e a Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Isso possibilitou uma maior divulgação do Memória Viva que tem como objetivo fomentar o debate em torno da pesquisa da nossa história local de forma cientifica e lúdica, buscando preservar e resgatar a memória histórica da nossa região”, frisou o coordenador.



Movimento Liberal

Para entender o Movimento Liberal, é preciso saber um pouco do cenário político nos tempos do Império. No período, havia duas grandes agremiações: o Partido Conservador, que defendia a manutenção da forma de governo, e o Partido Liberal, que tinha idéias renovadoras e pleiteava maior autonomia das províncias. A participação no governo ora ficava nas mãos dos liberais, ora nas mãos dos conservadores. Os conservadores, no ano de 1841, dominavam o Ministério, adotando medidas centralizadoras, com as quais não concordavam os liberais.


Em 1942, o Partido Liberal venceu as eleições. Porém, elas foram contestadas e o governo Imperial dissolveu a Assembleia. Com isso, o Partido Liberal virou oposição e organizou um movimento armado nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Iniciado na cidade de Sorocaba, que foi declarada a capital provisória da província, ele se espalhou rapidamente recebendo a adesão de várias localidades. Em São Paulo, houve fortes enfrentamentos da coluna libertadora com as tropas legalistas, como eram chamados os soldados do governo. Apesar de lances de heroísmo dos rebeldes, o movimento fracassou.


Em Minas Gerais, os rebeldes foram comandados por Teófilo Benedito Otoni. O movimento mineiro teve início em 10 de junho de 1842, em Barbacena, escolhida como sede do governo revolucionário. O primeiro presidente interino da província foi José Feliciano Pinto Coelho da Cunha e, posteriormente, Barão de Cocais. Houve importantes vitórias em Sabará e Queluz, mas após o combate travado em Santa Luzia, apesar do heroísmo dos rebeldes, o exército de Caxias dominou a situação e Teófilo Otoni foi preso, junto com outros liberais. Em 1844, o imperador concedeu anistia aos revoltosos.



Liberais em Queluz

Queluz aderiu ao movimento por intermédio de um documento assinado por vereadores da Câmara. “Queluz foi a vila estratégica do movimento pela sua localização, pois ficava a 58km da capital e o Partido Liberal gozava de prestígio político no município através da Câmara de Queluz e de importantes ricos fazendeiros”, explicou João Vicente.


As tropas queluzianas eram comandadas pelo Coronel Antônio Nunes Galvão, sobre o qual há um episódio interesante. No calor da batalha, foi chamado porque seu filho, que atirava da sacada de um casarão no princípio da rua Direita, hoje comendador Baêta Neves, havia sido mortalmente ferido. Ele tomou o filho nos braços, mas o jovem pediu-lhe que voltasse a seu posto no campo de batalha. O pai entregou o filho ao médico, pediu que cuidasse dele, e, enxugando as lágrimas, antes de voltar ao seu posto de comando, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade!”


Outro episódio, importante para a vitória de Queluz, foi contado pelo Cônego Marinho. Segundo ele, o capitão Marciano Brandão “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”. Ainda de acordo com o Cônego, a batalha estava difícil para os queluzianos. Quando Marciano fez uma proposta: “lhe confiassem duzentos homens com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição.” Deram a Marciano Brandão apenas 150 soldados. Com eles, desenvolveu sua estratégia e saiu vitorioso.


Ao amanhecer do dia 26 de julho, a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se. Queluz foi o único lugar em que o Movimento Liberal de 1842 foi vitorioso. “Vale dizer que a vitória dos liberais de Queluz foi contra as tropas legalistas compostas de soldados da Guarda nacional e não do exercito imperial de Caxias. Ele entrou no território mineiro pelo Rio Paraibuna, no dia 25 de julho, e chegou com o exército pacificador na capital da província de Minas Gerais, Ouro Preto, no dia 6 de agosto de 1842. No dia 20, agosto os liberais são derrotados na Batalha de Santa Luzia acabando com o movimento em Minas”, finalizou João Vicente.

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