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Audiência do Guarany só muda datas
Divulgação
Publicado em: 07/03/2014 - 14:50
Certamente, várias foram as dificuldades para a inscrição da equipe na Federação Mineira e para se manter aqui um grupo de atletas de outras cidades e até de outros estados, o que comprova que os projetos não passavam de tentativas, já que as barreiras e dificuldades existiam há algum tempo, eram de conhecimento dos dirigentes e também eram de difíceis soluções.
Praticamente todas estas propostas foram divulgadas aqui no Caderno de Esportes, que deu total apoio desde a chegada do presidente André Pena Justo e seus amigos e auxiliares. O tempo passou, as propostas não aconteceram e o tradicional Guarany foi desaparecendo no cenário esportivo. O nome do clube já não figurava mais nas competições, nem mesmo as de base da Liga de Desportos local.
Revivendo os fatos
Clube parado, campo raspado. É, no início de 2013 foi passada a máquina e “raspado” o gramado Capitão Fleury. Como anteriormente, a matéria foi divulgada. Mas veio dezembro e nova matéria foi exibida aqui documentando a demolição dos vestiários e da “crista” da arquibancada, com os entulhos cobrindo o restante do setor central dos assentos.
Mesmo com a reportagem do Caderno de Esportes do Jornal CORREIO estando acompanhando, fazendo a coberturas das iniciativas e divulgando os feitos e projetos da direção atual do Vovô da Colina, a diretoria achou por bem não nos convidar para uma entrevista coletiva (que nos pareceu dirigida) para dar alguns esclarecimentos sobre a demolição do Guarany. Nem por isso o leitor ficou sem as explicações dos diretores atuais e as observações feitas pelos ex-dirigentes e torcedores tricolores, nós buscamos outras fontes. Naquela oportunidade Sérgio Candido se apresentou como gestor do futebol profissional do Guarany e informou “demolimos parte do imóvel por apresentar rachaduras e estar ameaçado de cair”. Disse também que a proposta é a de se construir um centro de treinamentos, com alojamento, refeitório, departamento médico, um gramado como o da Arena do Jacaré e uma estrutura profissional e que as obras, para ele, iniciadas em novembro/13, com a demolição, terminariam em março/14.
Ainda no meado de dezembro do ano passado, nossa Reportagem foi convidada, então, para outra entrevista, quando foram confirmadas as informações anteriores e acrescentadas outras. Segundo o gestor Sérgio Candido, não havia naquela época um contrato entre a empresa e que o projeto ainda não havia sido apresentado à Prefeitura. Segundo Sérgio, seria a entrada do referido projeto no Departamento Municipal de Obras se daria até o dia 15 de janeiro de 2014.
De lá para cá a situação não se alterou e só depois dos muitos apelos dos tricolores e das matérias foi tomada uma providência. Três vereadores Tarciano Franco, Zezé do Salão e João Paulo indicaram a realização de uma Audiência Pública que teve o aval dos demais vereadores. Com a presença da “velha guarda” tricolor, de desportistas de outras equipes, do deputado estadual Glaycon Franco e de autoridades locais, a audiência ocorreu na segunda-feira, dia 24. Novamente os dirigentes tiveram a oportunidade de dimensionar o projeto, destacar trechos da escritura de compra, datada de 1941, quando se leu: “a condição da venda é que sempre se mantenha no imóvel, uma praça destinada a esportes higiênicos, não podendo ser usado para outro fim” e uma nova previsão de início da obra para março, e que o projeto seria apresentado para a aprovação da Prefeitura no dia 28, sexta-feira. Sérgio e o presidente André Pena informaram que o gramado terá um custo de R$ 125 mil, a obra do alojamento está orçada em R$ 500 mil e que o recurso já existe para o investimento é em torno de R$ 1 milhão. Além disso, o então gestor que desta vez se apresentou como investidor garantiu já ter em seu poder, na empresa em Contagem/MG, a mobília com 100 camas e colchões e uma máquina própria para lavagem da roupa. Novamente, não foi apresentado um contrato entre a empresa e a direção do Guarany, confirmando o compromisso entre as partes e uma pergunta era feita constantemente pela assembleia: “E de onde virão estes recursos para este investimento?”. Sérgio não mostrou nenhum aporte, mas garantiu o investimento de R$1 milhão.
Em uma de suas falas, o presidente André Pena reclamou que tentou manter as categorias de base no Guarany, mas que não contou com a adesão e nem a participação de alguns tricolores que agora estão cobrando explicações, e que estes deveriam participar mais da vida do clube.
Repercussão
Apesar de, segundo o vereador João Paulo, a audiência ter atendido ao esperado, foram muitas as críticas dos tricolores presentes ao Salão Nobre da Câmara. Muitos contestaram as falas sem a apresentação de documentos, outros cobraram a apresentação dos nomes dos atuais diretores e conselheiros do clube e alguns leitores do Jornal CORREIO comentaram que não houve nada de novo em relação àquilo que já haviam sido informados nas matérias, a não ser a mudança das datas dos compromissos não assumidos pelos dirigentes.
A única concordância que parecia quase uma unanimidade era a de que todos torcem para que o desenvolvimento e até o profissionalismo seja implantado no Guarany, só não concordam com a forma que está sendo feito e o risco eminente do projeto sem a apresentação de contratos e garantias e que o tempo está passando e a única coisa real que aconteceu foi a demolição de um patrimônio tradicional da comunidade lafaietense, com ramos espalhados pelo Brasil e o mundo. O ex-presidente, Ricardo Pardal, foi enfático ao afirmar que diante da falta de apresentação de garantias e da diretoria não informar os nomes dos atuais dirigentes, ele recorrerá à justiça em busca destas explicações. Como esperado, a Audiência Pública só teve utilidade para quem ainda não tinha observado as notícias. Os leitores do Caderno de Esportes já sabiam dos fatos e suas variantes. (Amauri Machado)