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Alunos transferidos e opiniões de psicólogo
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Publicado em: 20/03/2014 - 19:34
Peço desculpas aos meus colegas e ex-alunos psicólogos, mas penso que muitos atuam com um conceito equivocado em relação à função e ao exercício social da profissão. Tenho grande apreço por essa área, mas, com frequência, deparo com uma psicologia assistencialista que põe “pano quente” nas situações e aliena a sociedade não atacando as causas dos problemas. Sei que os sentimentos e as emoções das pessoas têm de ser levados em conta. Mas, quem agride a sociedade, como os alunos da escola Capitão Virgílio, não está respeitando esse direito das pessoas ofendidas. Elas também têm emoções e sentimentos.
No entanto, o senhor Kodato vê fracasso da escola na inclusão dos adolescentes, o que, para mim, é fracasso primeiro dele, na função de coordenador do observatório da violência. Sugiro que ele se torne diretor da escola e faça a inclusão, provando que é possível recuperar adolescentes truculentos. Então, escreverei cumprimentando pelo sucesso dele e aceitarei a declaração de fracasso da escola.
O que eu não aguento são essas receitas baratas de profissionais que nunca pisaram ou nunca atuaram em uma escola de periferia ou com alunos que procedem dela. Com experiência própria, eu sei que qualquer avanço que se consegue nessas escolas é algo a se comemorar. E, no entanto, durante o período letivo jamais recebemos apoio e visitas das autoridades que enchem a boca para condenar o “fracasso da inclusão”. Por que eles não se oferecem para fazer o que pregam, se possuem ideias tão férteis e eficazes? O problema é que todos nós somos juízes fora de campo e temos soluções fáceis para os problemas. Temos de desconfiar das soluções fáceis, pois não elas passam de enganação, falácias e, com grande frequência, oportunismos políticos.
O professor Kodato continua com os disparates para quem “a transferência é um eufemismo à antiga expulsão. O problema continua, não adianta transferir para outra escola.” Diz ainda que “Usou-se o velho esquema da exclusão e não de inclusão, tratando os alunos como pequenos vândalos”.
Será que ele não sabe que esses adolescentes já estão incluídos no mundo da truculência e do banditismo? Quem disse que a escola tem de ser a redentora social? Não é pedir muito dela, quando, por exemplo, as Igrejas, a Justiça, o Estado democrático e ele próprio, como psicólogo coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão Preto não estão dando conta de ajudar no processo de diminuição da violência juvenil? Temo que seja necessário invocar um Estado de Ditadura para que a segurança pública esteja assegurada por uma disciplina social aplicada à força.
Observatório é até um nome bonito, mas não passa de apenas mais um que também fracassou no processo de inclusão da truculência juvenil. Talvez seja essa conclusão que o professor Kodato não esteja disposto a tirar. Mas, fazer o que, não é?