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Com a crise, Lafaiete é tomada por moradores de rua


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Jornal Correio
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Publicado em: 19/11/2015 - 00:00

O momento econômico, cada dia mais complicado, tem produzido um efeito que salta aos olhos de qualquer lafaietense. A cidade, que há algum tempo até conhecia pelo nome seus moradores de rua, agora vê essa população aumentar de forma desenfreada. Prova disso é a presença de pessoas sem condições de ter um teto sob o qual possa viver, em vários pontos da cidade.

Na mesma medida cresce, também, o número de pedintes. A constatação foi feita por uma leitora que reclamou dos constantes pedidos de dinheiro ao andar pela região central da cidade e até mesmo em bairros periféricos, onde praças servem de guarita para muitos deles. "Por qualquer ponto que a gente passe, sempre tem alguém pedindo alguma coisa. A impressão é de que aumentou muito o número de mendigos e isso é um problema social que precisa ser enfrentado", reclamou, re­latando que, em muitos casos, os pedintes são bas­tante agressivos.

Um dos principais locais de aglomeração é no coreto da praça Barão de Queluz. Localizado no coração da cidade, o ponto está sempre repleto de pedintes, o que acaba afastando famílias do local.  Também é comum ver moradores de rua dormindo na praça Pimentel Duarte, próximo a rodoviária, embaixo das marquises, nas avenidas Telés­foro Cândido de Resende e Professor Manoel Mar­tins. Até mesmo a tradicional fonte, do bairro Fon­te Grande, virou um abrigo.

Outra observação é o aumento do número de artistas de rua. Na busca por algum trocado, eles estão presentes perto dos principais semáforos e grande parte, ao terminar o expediente, dormem em algum canto, em portas de lojas e qualquer es­paço que pareça oferecer alguma segurança. 

Vivendo nas ruas

O Jornal CORREIO já contou, por diversas vezes, a história de pessoas que vivem nas ruas de Lafaiete, como o de Mauro Teovino Barbosa (foto 2), de 50 anos. Esquecido por familiares, ele improvisa uma lixeira, instalada na rua Marechal Floriano Pei­xoto, como moradia e conta com a solidariedade de comerciantes locais. Na época da entrevista, em maio, ele contou que não tem onde morar e nunca recebeu apoio do poder público. Ques­tio­nado sobre suas necessidades mais urgentes, ele diz que só quer um lugar para morar com dignidade e segurança.

A história do casal Vanderleia Bacharel Ribeiro e Márcio Adeir Rodrigues Laranjeira (foto 1), que viviam na praça Pimentel Duarte, próximo a rodoviária, também foi contada no semanário. Durante a noite, marido e mulher arrumam suas trouxas de roupas e, estendendo um colchão no chão, sem ne­nhum abrigo para escapar da chuva e outras in­tempéries, adormecem para sonhar com outra realidade. Em agosto, quando foi entrevistada, Van­derleia contou que não havia comido nada durante o dia inteiro, e que contava com a solidariedade de alguns grupos que serviam sopas durante a madrugada. O casal também contou que não tinha casa e nem condições de pagar aluguel, por isso morava na rua.

Centro POP

A Prefeitura foi questionada sobre o que tem feito para resolver esse problema social. Segundo  o município, levá-las a equipe de Abordagem Social tem ido com frequência aos referidos locais, com o objetivo de sensibilizar essas pessoas e levá-los até o Centro POP, para que os técnicos possam fazer o trabalho especializado com cada indivíduo: "Ainda não há um local para abrigar esses moradores de rua no município. Essas pessoas podem ser levadas ao Centro POP se aceitarem, porque mesmo em situação de risco, todos têm direito de ir e vir e também de permanecer nos espaços públicos".

Quanto aos pedintes, a equipe do Centro POP informou que eles também são abordados: "A equipe encaminha essas pessoas à Rede Socioas­sistencial (Cras, Plantão Social, Sine etc.), a fim de que sejam acompanhadas. O Centro POP pode ajudar realizando o trabalho especializado com cada indivíduo, possibilitando a saída das ruas. O público alvo são jovens, adultos, idosos e famílias, que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Crianças e adolescentes po­dem ser atendidos pelo serviço somente acompanhados de um familiar ou pessoa responsável', explicaram.

Ainda segundo informações da equipe, o Centro POP oferece espaço para higiene pessoal, guarda de pertences, oficinas socioeducativas, grupos reflexivos, serviço de migração, abordagem social, e também serviço especializado (que tem como objetivo possibilitar condições de acolhida na Rede Socioassistencial, contribuir para novos projetos de vida, além de promover ações para a reinserção familiar e/ou comunitária). A equipe é composta por dois assistentes sociais, um psicólogo, um terapeuta ocupacional, um pedagogo, dois auxiliares administrativos e um auxiliar de serviços gerais.

O Centro POP está localizado à rua Barão de Suassuí, 760, Campo Alegre. O horário de funcionamento de 8h as 18h.

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