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Copasa reconhece erro na localização da ETE e admite não ser capaz de eliminar fedozão
Divulgação
Publicado em: 25/05/2016 - 00:00
Após mais seis anos da inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do rio Bananeiras, a Copasa admitiu, pela primeira vez, e em público, que falhou na construção da estrutura, responsável por causar o "fedozão" na região da Barreira. O reconhecimento do erro ocorreu durante reunião realizada na sede da Companhia, em Belo Horizonte, na quinta-feira, dia 12.
O encontro foi solicitado pelo deputado estadual Glaycon Franco e contou com a participação de lideranças comunitárias como os presidentes das associações dos bairros São Benedito e Santa Cruz, que também representaram as comunidades do Santa Luzia e do Santa Terezinha.
A confissão partiu do diretor da Copasa, Frederico Lourenço Delfino, responsável pela operação da empresa em Lafaiete. Ele confirmou o que já havia sido denunciado durante audiência pública realizada em Lafaiete e afirmou que o local onde foi construída a ETE não é o mais adequado para obras deste impacto, devido à proximidade com a população.
Frederico argumentou que algumas providências foram tomadas e que a empresa realiza testes com um novo produto químico que deve ser aplicado nos próximos dias e que, aos poucos, o problema do mau cheiro deve diminuir, mas que não será eliminado totalmente. Ele admitiu, apesar de a empresa ter se comprometido a sanar os problemas gerados pelo mau cheiro da estação, que todas as ETEs possuem odor residual.
Providências
Durante a reunião, o deputado pediu providências à Copasa para resolver os problemas causados às comunidades, inclusive com danos diretos à saúde de moradores e impactos no mercado imobiliário, que convive com a com a desvalorização de imóveis localizados na região. Os líderes comunitários relataram que o desconforto com a ETE Bananeiras não se restringe à população local e gera grande incômodo, também, a quem passa pelas proximidades.
O deputado e os presidentes de associações decidiram aguardar os resultados dos testes para tomar as medidas cabíveis. Os moradores não descartam recorrer novamente ao Ministério Público. Cansados de esperar por uma solução por parte do poder público, moradores da região chegaram a apelar à Justiça para colocar fim aos constantes transtornos, paralisando o funcionamento da ETE, mas não tiveram sucesso.
Danos à saúde
Com longos anos convivendo com a exposição ao gás sulfídrico (H2S), gerado pela operação da ETE, moradores relatam que problemas de saúde são frequentes entre quem reside na localidade, sobretudo quando se trata de crianças, que têm apresentado diversas reações alérgicas. O H2S é venenoso e sua inalação contínua causa sérios danos à saúde.
Diante dos problemas, o morador do satélite, Leandro Marcos de Souza, 40 anos, relatou que a comunidade já apelou a todos os mecanismos e, para ele, com o reconhecimento do erro, resta aos poderes constituídos se unirem para resolver de uma vez a situação, fechando a ETE.
Medidas paliativas
Desde que as reclamações começaram a ser denunciadas por moradores, várias matérias foram publicadas pelo Jornal CORREIO. A empresa se manifestou diversas vezes relatando ações que seriam executadas, como a vedação da chegada do esgoto às unidades da ETE, plantio de mudas que formariam uma barreira arbórea em seu entorno, aquisição de cobertura de vedação do tratamento preliminar e a implantação de programa de educação socioambiental, para conscientização da população sobre a correta utilização das redes coletoras, evitando o lançamento de esgotos industriais nas redes e visando garantir a chegada de esgotos domésticos à estação de tratamento.
Os representantes dos moradores afirmam que ainda vão aguardar os resultados da aplicação do produto para verificar quais providências serão tomadas.
Enquanto não consegue resolver os problemas da ETE Bananeiras, a Copasa já iniciou a construção da estação destinada ao ribeirão Ventura Luís.