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Copasa pode multar em até 100% quem ultrapassar consumo de água


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Fanny Elen
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Publicado em: 01/04/2015 - 11:28

As leves chuvas dos últimos dias podem ter levado a população a uma sensação de tranquilidade que não condiz com a realidade. A falta de água atingiu uma situação crítica e o governo de Minas, por meio do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), pode decretar a qualquer momento estado de escassez e de restrição de uso da água nas áreas mais críticas de Minas. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) aprovou na segunda-feira, dia 16, a deliberação normativa que estabelece os critérios para a definição da escassez.

Esse era o documento que faltava para legalizar a cobrança pela Copasa de sobretaxa para quem exceder o consumo, além da adoção do racionamento e rodízio no abastecimento de água. A deliberação normativa determina a redução de 20% do volume diário outorgado para as captações de água para a finalidade de consumo humano, dessedentação animal ou abastecimento público. Também serão reduzidos em 30% da captação para consumo industrial e 25% para a finalidade de irrigação.

Apesar da concessionária não ter se manifestado formalmente, informações extraoficiais dão conta de que para forçar uma redução de 30%, a meta é não deixar que o consumidor ultrapasse a média de consumo dos últimos 12 meses. Quem exceder esse consumo pagará um valor extra sobre a conta de água. Os percentuais estariam sendo baseados preliminarmente nos números adotados pela Sabesp (companhia de saneamento e abastecimento de São Paulo), em que são cobrados 40% sobre o valor da tarifa para quem exceder até 20% a média do consumo ou 100% sobre o valor da tarifa para quem exceder mais de 20%. Oficialmente, no entanto, essa informação foi negada pelo vice-presidente da Copasa, Antônio César Pires de Miranda Júnior.

Adoção de multa divide lafaietenses

Em Lafaiete, a adoção da medida ainda é desconhecida pela maioria da população, mas quem toma conhecimento do assunto parece aprovar, em um primeiro momento. Foi assim com a ajudante de serviços gerais Andresa Cristina de Lima, 21 anos: “Olha a quantidade de água que está sendo desperdiçada? Até hoje vejo gente lavando passeio, o que é muito errado. Isso já está sendo usado em Belo Horizonte e São Paulo e está funcionando; seria ótimo adotar este sistema em Lafaiete. Na minha casa, moravam três pessoas, agora somos sete. Mesmo assim, estou tentando economizar, cortando os gastos. Antes pagava R$15 e agora pago R$18. O gasto não aumentou tanto porque estou controlando”, revela a moradora do bairro Resende (zona leste).

Ex-moradora de São Paulo, a supervisora Luciana da Silva também considera justa a medida: “É uma forma de incentivar as pessoas a economizar mais. Senão aprenderem na alegria, aprenderão na dor. Às vezes, gastamos um pouco mais, como quando recebo visitas em casa, mas com essa multa sendo aplicada, as pessoas vão pensar mais antes de lavar rua, calçada, carro”, avalia. O ferroviário aposentado Levir Da­mas­ceno de Assis, 76 anos, acredita que a cobrança ajudaria a coibir abusos no uso da água: “As pessoas têm que saber usar a água, sem lavar carro, passeio, para não desperdiçar. Acho que devem aplicar mesmo essa multa, para forçar economia e, no futuro, não faltar água”,

Mas nem todos são favoráveis à mudança, especialmente porque ela também mexeria no bolso. Esse é o caso do aposentado José Lima, de 67 anos. “Eu não concordo com essa multa. Moro com minha esposa. Se meu filho, minha nora e meus netos vierem me visitar, eu vou gastar mais. Então vou pagar mais por causa disso? Por um mês? Eu acho correto cobrar, mas se a pessoa sempre gastar muito; se a conta sempre vier ultrapassando a meta todos os meses. Mas se o consumo for só por um mês no ano eu não acho certo, não”, opina.

 

 

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